segunda-feira, 2 de maio de 2011

Professor Eliane Silva passa sua experência como profissional de RTV e orientadora de TCC

Professora Eliane Silva, orientadora de TCC e professora de RTV
Texto: Diego Rafael
Edição de Caio Bibiano
Fotos: Giselle Diaz

Eliane Silva, professora da disciplina do curso de Rádio e Televisão das FRB e orientadora de TCC, recebeu o Profissão Foca para a entrevista pingue-pongue da semana.

Profissão Foca: Professora, quais são suas atividades na FRB?
Eliane Silva: Sou professora nas 3ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª etapas de Radio e TV.

PF: Você é orientadora de TCC de Radio TV, como ocorre este trabalho?
ES: Eu oriento TCC tanto da área de imagem, quanto da parte de Áudio. O maior desafio é trabalhar com os produtos experimentais. Você tem os produtos de mídia, mercado e nós temos como objetivo fazer o diferencial e não reproduzir o que se faz no mercado.  O aluno pode utilizar como base o que há no mercado, mas tem como compromisso introduzir elementos de experimentação.


PF: Há quantos anos você orienta as atividades dos alunos?
ES: Eu comecei a orientar ainda na Metodista, desde 1996.


PF: Tem algum trabalho que marcou esta trajetória?
ES: São muitos trabalhos, eu tenho duas fases, me recordo, por exemplo, das ‘Tiras do Angeli’, na Metodista, um trabalho de produção, foram 12 ‘pílulas’ de um minuto cada uma em que os alunos encenaram adaptando as tiras.

Outro trabalho que foi muito conceitual, em que o objetivo era fazer um documentário sem texto. Chama-se documentário vídeo gráfico. Na fase Rio Branco, que é bastante interessante nós temos uns rits da Rádio e TV, tem um trabalho chamado ‘The Last TV’. Inclusive é um dos mais contundentes, ele fala sobre televisão, sobre aquela idéia de que televisão manipula, coisa que eu não concordo. Aí, a proposta foi produzir um trabalho em que eles tivessem que manipular o espectador. Ele está disponível para quem quiser assistir, nós o exibimos várias vezes e a reação é sempre a mesma. Todo documentário é reproduzido, como se não tivesse sido produzido, ele termina com um “pseudoclipe”, em que a platéia primeiro fica irritada e depois fica muda por que entra em letreiro que o personagem se Chama Alex Guliver e diz que é em memória dele, neste momento o público fica muito consternado, pois ele morreu.

Há também outro TCC que seja além, em que os enquadramentos são muito bons, as pessoas ficam até arrepiadas, o ano passado tivemos um que vai para o Expocom, o “Santa Augusta” É um curta metragem. Os alunos gravaram todo trabalho a noite, na augusta, é algo muito difícil e eles conseguiram fazer um trabalho muito bom.


PF: Na outra questão você falou em não manipulação da TV. Por que não há manipulação?
ES: É preciso ter uma certa distância para o que se fala, toda vez que se fala em televisão, ela sempre cai nas mesmas referências. A televisão ficou mais próxima da sociedade e ela a espelha. Existe o programa do Datena porque tem público, a Globo é a mais combatida. Tudo de ruim vem da Rede Globo, mas é o melhor exemplo de televisão, por exemplo, ela tem uma ousadia de colocar um conteúdo como “O Cordel Encantado”. Se ela conseguir manter com está característica, ela criará um case mundial. Ela sempre lança um conteúdo diferenciado. Por que não se critica o programa do Gugu com todo tipo de apelação? Por que não se critica o terrorismo em alguns jornais? Não é que só existe noticia boa ou ruim e sim como exacerbada, os jornalista que me desculpem, mas existe algo chamado “marketing da noticia”, notícia vende, pior momento do jornalismo é quando não acontece nada, ocorreu uma tragédia, ai vende e é maravilhoso. Mas o espectador sabe o que está assistindo, ele sabe que é novela, jornalismo, programa e hoje não há críticos que falam o que ela é hoje, como por exemplo, o mundo para, a fim de assistir o casamento real, olha que coisa mais sem propósito.

PF: E como estes alunos são preparados para executar os trabalhos?
ES: Os alunos de Radio e TV ficam meio enlouquecidos no momento do TCC. Eles precisam fazer o trabalho escrito, pesquisar a indústria cultural, o ambiente, conteúdo, criar, escrever, produzir, decupar.  Ainda mais que as nossas bancas são muito complicadas, muito difíceis, eles precisam comprovar no produto, aquilo que foi escrito no papel. Então eu infernizo a vida deles, mas eles sabem o motivo, pois nós temos que chegar naquilo que é o ideal.  Muitas vezes o espectador não entende por que um trabalho aparentemente perfeito não ganha 10. Há inúmeras questões técnicas que influem para a nota.


PF: Onde nós podemos ter acesso aos trabalhos?
ES: A maioria está na biblioteca. Rarissimamente eles colocam no Youtube por questões de direitos autorais.