segunda-feira, 4 de abril de 2011

Entrevista Pingue-Pongue com Julyana Pereira, Intérprete e Tradutora de Libras nas FRB



Julyana Pereira, tradutora de libras, acompanha Sandro, aluno do curso de Direito
 
Texto: Lúcia Vieira e Gisele Diaz
Edição: Camila Farinhuk

Foto: Gisele Diaz

Profissão Focas: Porque escolheu essa profissão?
Julyana Pereira: Sinto-me útil e completa como pessoa. Aprendi muito com a Cultura "Surda”, são pessoas maravilhosas. Tornei-me muito mais sensível e aprendi a amar o próximo, independente da deficiência ou limitação, seja ela qual for.

 
PF: Como chegou à Faculdade?
JP: Durante muito tempo a Instituição tem ajudado a divulgar e acolher os "Surdos”. Desde 2009 estava tentando fazer parte do quadro de funcionários, mas por motivos de carga horária não pude aceitar antes. Hoje já faz um mês que trabalho aqui, e tem sido muito bom, espero continuar por muitos anos.


PF: O que exatamente você faz na Instituição?
JP: Participo de todas as aulas do meu cliente, traduzindo simultaneamente de Português para Libras, e de Libras para Português, quando ele deseja se manifestar ao professor ou aos demais alunos. Também o auxilio da melhor forma possível nos outros ambientes da Faculdade.


PF: O que mais gosta em sua profissão?
JP: Posso usar minhas mãos para ser a voz ou o ouvido de alguém. Se imagine no lugar deste (a), não seria maravilhoso alguém lhe mostrar o mundo de um ângulo diferente?

PF: Qual a maior dificuldade em sua profissão?
JP: Não só minha, mas acredito que de todo intérprete, é que no momento da interpretação utilizam-se termos muitos técnicos que fogem da nossa competência referencial.


PF: Sua relação com os "clientes" são puramente profissionais ou acaba criando um vínculo de amizade?
JP: Em sala de aula com certeza é profissional acima de tudo, mas é claro que não sou de aço. Não são com todos, mas quando aluno se mostra amigável é inevitável. Ainda mais quando se tem a oportunidade de permanecer do início ao término do curso.


PF: Se não fosse intérprete o que seria?
JP: Difícil! Gosto muito de moda, arte e música. Canto desde a infância, e acredito que me dedicaria a isso como profissão se fosse mais rentável.


PF: Você tem algum caso de surdo ou mudo em sua família?
JP: Não.


PF: Você acredita que seu trabalho é uma espécie de trabalho social?
JP: Sim, não é só o “Surdo” que é beneficiado, mas todo o meio em que ele está inserido, como a família e a Instituição. De certa forma, você se entrega de corpo e alma e defende valores e princípios que são importantes para eles. Eu mesma faço trabalho voluntário há 11 anos para uma Igreja.


PF: Onde mais você trabalha além da FRB? 
JP: No momento, interpreto para uma escola de CFC no período noturno.